A testagem em massa, além dos critérios de imunização estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate ao Covid-19, foram os assuntos mais discutidos durante o webinar “O papel do diagnóstico na luta contra a pandemia da Covid-19”, ocorrido no fim de julho, promovido pela Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), em parceria com o portal JOTA. O evento contou com a participação da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML).
A vice-diretora geral da OMS, Mariângela Simão, afirmou que não espera que a pandemia termine em 2021, “aprendemos algumas coisas de pandemias passadas. A realidade na pandemia de 2009 é que os países ricos tiveram acesso à vacina antes dos países em desenvolvimento”. Por esta razão, defendemos que todos os países recebam a vacina ao mesmo tempo, com objetivo principal de reduzir a mortalidade e proteger os sistemas de saúde”.
Para viabilizar o planejamento de vacinação, a OMS estabeleceu algumas prioridades: imunização dos profissionais de saúde e da área social; doses suficientes para imunizar os pacientes de alto risco (20% da população); e por último, vacinação do restante das populações.
Com relação às políticas públicas de testagem, o desafio é direcionar o foco para três testes diferentes, já que os níveis de eficácia e custos variam de acordo com as situações. “A testagem é essencial em todos os estágios da pandemia. Diagnósticos efetivos são essenciais para mensurar a propagação das infecções”, defendeu Mariângela Simão.
Já a professora da LSHTM, Rosanna Peeling, esmiuçou as diferentes maneiras de testagem. “O teste molecular, com custo mais alto, analisa o DNA e o RNA e serve para confirmar a infecção. Tem maior eficácia se feito até sete dias depois dos primeiros sintomas. Já o teste de antígeno analisa a proteína, serve para confirmar a infecção, e tem maior eficácia até o décimo dia depois da infecção. Este teste pode ser feito nas comunidades, com resultados em 30 minutos, já que apresenta um custo mais baixo”, comentou a imunologista. Ela complementou que o teste de sorologia, que analisa os anticorpos, serve para o monitoramento da população. “É preciso assegurar que o teste certo está sendo feito no paciente certo, no lugar certo e na hora certa”, destacou Rosanna.
O presidente executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Carlos Eduardo Gouvêa, além de moderar o debate, participou das discussões a respeito do segmento de diagnóstico in vitro. “É uma oportunidade de mostrar o valor do diagnóstico, isto é, que um diagnóstico prematuro e preciso vai ajudar no encaminhamento do tratamento correto”, afirmou ele.
Vale destacar que a CBDL, em parceria com a SBPC/ML, Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), criou o Programa de Avaliação de Kits para Coronavírus. “A ideia é reunir uma grande base de dados com propósito científico. Podemos conhecer o desempenho, além da evolução dos kits e ainda, ser uma referência ao setor público e privado para fazer as escolhas certas”, comentou Gouvêa.
O programa conta com a participação de 12 laboratórios públicos e privados em diversas regiões do país, além de 25 fornecedores. Já foram avaliados, até o momento, 25 testes para Covid-19.